A mostra “Elas (En) Cena”, uma realização da Bole Bole Produções, celebra a potência da criação feminina no teatro baiano contemporâneo, reunindo três espetáculos de diferentes estilos, gerações e territórios que, em comum, refletem sobre identidade, ancestralidade, justiça social e o poder transformador da arte feita por mulheres. Realizada no Teatro Módulo, em Salvador, de 7 a 9 de novembro, a iniciativa reafirma o compromisso da arte com a equidade, a representatividade e a transformação social.
Idealizada, produzida e realizada majoritariamente por mulheres, a mostra propõe um espaço de reflexão, afeto e resistência, onde a experiência de ser mulher ganha múltiplas vozes e linguagens. Ao valorizar trajetórias diversas e a pluralidade de narrativas femininas, “Elas (En) Cena” amplia o debate sobre o papel da mulher na cultura, na política e na sociedade, conectando artistas e públicos em torno da criação e da escuta.
Durante os três dias da mostra, o público poderá conferir os espetáculos “Inferno”, “Santana” e “Meninas Contam a Independência”, seguidos de bate-papos mediados pela atriz Cássia Valle, que conduzirá uma conversa sobre “o valor e a potência do trabalho feminino na produção artístico-cultural baiana e brasileira”.
A mostra “Elas (En) Cena” tem patrocínio Companhia de Gás da Bahia – Bahiagás e do Governo do Estado da Bahia.
Programação
7/11 (sexta-feira) – Espetáculo INFERNO, com Ana Paula Bouzas
Horário: 20h
Após o espetáculo: bate-papo mediado por Cássia Valle
8/11 (sábado) – Espetáculo SANTANA, da DAN – Território de Criação
Horário: 19h
Após o espetáculo: bate-papo mediado por Cássia Valle
9/11 (domingo) – Espetáculo infantil MENINAS CONTAM A INDEPENDÊNCIA, da grupA – A Panacéia
Horário: 11h
Além das apresentações, a mostra inclui um bate-papo mediado pela atriz Cássia Valle, com o tema “O valor e a potência do trabalho feminino na produção artístico-cultural baiana/brasileira”, que acontece após os espetáculos dos dias 7 e 8 de novembro.
Mais sobre os espetáculos
Inferno – O cotidiano e a resistência de uma diarista brasileira
Com texto de Rodrigo de Roure e Luiz Felipe Andrade, direção de Fábio Espírito Santo e atuação de Ana Paula Bouzas, o monólogo Inferno dá voz à diarista Vânia, mulher nordestina que reflete com ironia e sensibilidade sobre o trabalho doméstico e a invisibilidade das trabalhadoras no Brasil.
Em um pequeno espaço cênico de 2,40m x 2,40m, que simboliza o “quartinho de empregada”, Vânia compartilha suas dores, sonhos e indignações, transformando seu cotidiano em palco de resistência. “Fazer Inferno é poder nos provocar artisticamente sobre as formas de naturalização da desigualdade social”, afirma Ana Paula Bouzas.
O espetáculo estreou em 2019 no Sesc Copacabana (RJ) e já integrou festivais como o Festival de Curitiba e o Festto (MG). É o sexto solo da atriz, bailarina e coreógrafa premiada pela APTR (RJ) e reconhecida por sua atuação em Marighella, Medida Provisória e Urubus, além de vasta trajetória no teatro e na dança.
Santana – Três gerações de mulheres pretas e o legado do Samba Junino
Com dramaturgia de Joseane Nascimento, direção de Daniel Arcades e direção de arte de Thiago Romero, o espetáculo Santana mergulha na história de três gerações de mulheres pretas ligadas pelo Samba Junino, manifestação cultural reconhecida como Patrimônio de Salvador.
As personagens Cremilda, Marta e Nália, vividas por Arlete Dias, Evana Jeyssan e Naira da Hora, vivem no coração do Engenho Velho de Brotas, onde se cruzam conflitos de gerações, fé, ancestralidade e resistência feminina.
Resultado de uma residência em dramaturgia promovida pela DAN – Território de Criação, o espetáculo também se desdobra em oficinas e encontros formativos sobre dramaturgia e percussão, reafirmando o compromisso com a formação e o fortalecimento das narrativas periféricas.
Realizado com apoio da Fundação Gregório de Mattos, Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Prefeitura de Salvador, “Santana” é uma celebração da arte feita por e para o povo.
Meninas Contam a Independência – A história vista pelas heroínas esquecidas
Criado pela grupA – A Panacéia, o espetáculo “Meninas Contam a Independência” convida o público infantojuvenil a jogar e aprender sobre as mulheres que protagonizaram a Independência do Brasil na Bahia. Em cena, as atrizes Camila Guilera, Márcia Limma e a atriz mirim Marina Fidalgo (como Urânia Vanério, uma menina de 10 anos que escreveu um panfleto pró-independência em 1822) conduzem um jogo cênico interativo cheio de desafios, música e descobertas.
A peça, indicada ao Prêmio Bahia Aplaude 2024 como melhor espetáculo infantojuvenil, é resultado de quatro anos do projeto “Meninas Podem!”, em que o grupo promoveu oficinas e cursos de longa duração com meninas de 6 a 16 anos.
Dirigido por Lara Couto, o espetáculo reúne 26 mulheres em todas as funções criativas e técnicas — da dramaturgia à assessoria de imprensa — reafirmando o compromisso do grupo com a formação, a representatividade e o feminismo como prática artística.
Uma mostra de resistência e transformação
Mais do que um evento teatral, “Elas (En) Cena” é um movimento coletivo que celebra a criação e o protagonismo das mulheres na arte. Ao reunir artistas de trajetórias diversas, a mostra estimula o diálogo entre gerações, o fortalecimento do mercado cultural local e o engajamento do público em torno da inclusão e da igualdade de gênero.
O projeto reforça a arte como espaço de transformação social e de construção de imaginários mais plurais, convidando o público a reconhecer a cultura como ferramenta de formação, sensibilização e desenvolvimento humano.
Participar ou apoiar o “Elas (En) Cena” é fazer parte de um movimento que coloca a arte a serviço da igualdade, da representatividade e da potência criativa das mulheres.
Serviço:
Mostra Elas (En) Cena
Realização: Bole Bole Produções – Vadinha Moura e Amanda Moura
Local: Teatro Módulo – Salvador (BA)
Datas: 07 a 09 de novembro de 2025
Ingressos: Sympla
Classificação indicativa: livre
Governo do Estado da Bahia